Emergência
O dia começou calmo. Da recepção tinham-me dado os três toques prometidos no dia anterior para que eu acordasse a tempo e horas para os encontros há muito agendados. Tudo calmo. Tudo bem. De repente ouço um sinal de alarme no quarto ao lado. Pensei: O telefone do vizinho tem um som estranho. Pensei: Talvez o vizinho tenha pedido um serviço de despertar especial... Qualquer coisa à prova de sono de pedra. Pensei: Talvez o homem ou a mulher (sim, se houvesse alguém no quarto seria um homem ou uma mulher, nunca os dois... Não ouvi ruídos de copulação durante a noite) tenha sentido alguma indisposição e accionou o alarme para o pessoal da recepção. Não pensei mais nada, quedando-me confortável e saboreando os minutos mais rápidos do dia.
Não tinha ainda passado um minuto quando disparou também o alarme do meu quarto. Mau! pensei. Abri as narinas para sentir o cheiro do fumo que lá não estava. Abri os olhos ensonados na tentativa de visualizar fogo. Nada! Nada mexia no quarto, à excepção da minha respiração que começava a querer levantar voo. Pus-me a pé de um salto e de outro abeirei-me da janela para ver de que altura iria ser o tombo, caso a situação de emergência emergisse mesmo. Quatro metros, avaliei. Quem por amor à vida não daria um saltito da altura de dois homens?
Lá fora o espaço era feito da paz e da calma de um britânico mais circunspecto. Tudo calmo. Tudo bem. Cá dentro a zoeira das sirenes irritava um bocadinho, diga-se. E, o que se espera que faça o Zé Portuga nestas situações? Exactamente! regressa à cama para saborear mais uns minutitos rápidos, afinal em Portugal os alarmes de incêndio também tocam e nunca acontece nada. Assim o fiz. Já no quentinho, ao som do iu iu iu iu das sirenes, o intercomunicador disparou: Ladies and gentlemen, you have to leave the building, immediately!
Ó diabo!!!! Afinal isto é mesmo a sério! pensei.
Saltei novamente da cama e meti-me dentro das calcas do dia anterior. Uma t-shirt à pressa, o telemóvel que me custou uma pipa de massa, o portátil e, está a andar porta fora! Segui as placas de saída de emergência com uma intuição canina. À minha frente seguia um casal com um bebé nos braços. A última porta de emergência, por incrível que pareça, não abria. Tive que usar da habilidade manual e bruta, característica em qualquer português (eu). Apliquei um abre-te Sésamo forçado sobre o fecho e por fim lá tinha a porta aberta. Cá fora estavam todos de cobertores às costas. Eu estava em t-shirt. Que frio, jasus!
Não posso jurar (simplesmente porque as juras comprometem) mas não andarei longe da verdade se disser que fui o último a sair do hotel - nestas coisas sou assim, não sendo o primeiro prefiro ser o último... é que dos do meio não reza a história.
Não tinha ainda passado um minuto quando disparou também o alarme do meu quarto. Mau! pensei. Abri as narinas para sentir o cheiro do fumo que lá não estava. Abri os olhos ensonados na tentativa de visualizar fogo. Nada! Nada mexia no quarto, à excepção da minha respiração que começava a querer levantar voo. Pus-me a pé de um salto e de outro abeirei-me da janela para ver de que altura iria ser o tombo, caso a situação de emergência emergisse mesmo. Quatro metros, avaliei. Quem por amor à vida não daria um saltito da altura de dois homens?
Lá fora o espaço era feito da paz e da calma de um britânico mais circunspecto. Tudo calmo. Tudo bem. Cá dentro a zoeira das sirenes irritava um bocadinho, diga-se. E, o que se espera que faça o Zé Portuga nestas situações? Exactamente! regressa à cama para saborear mais uns minutitos rápidos, afinal em Portugal os alarmes de incêndio também tocam e nunca acontece nada. Assim o fiz. Já no quentinho, ao som do iu iu iu iu das sirenes, o intercomunicador disparou: Ladies and gentlemen, you have to leave the building, immediately!
Ó diabo!!!! Afinal isto é mesmo a sério! pensei.
Saltei novamente da cama e meti-me dentro das calcas do dia anterior. Uma t-shirt à pressa, o telemóvel que me custou uma pipa de massa, o portátil e, está a andar porta fora! Segui as placas de saída de emergência com uma intuição canina. À minha frente seguia um casal com um bebé nos braços. A última porta de emergência, por incrível que pareça, não abria. Tive que usar da habilidade manual e bruta, característica em qualquer português (eu). Apliquei um abre-te Sésamo forçado sobre o fecho e por fim lá tinha a porta aberta. Cá fora estavam todos de cobertores às costas. Eu estava em t-shirt. Que frio, jasus!
Não posso jurar (simplesmente porque as juras comprometem) mas não andarei longe da verdade se disser que fui o último a sair do hotel - nestas coisas sou assim, não sendo o primeiro prefiro ser o último... é que dos do meio não reza a história.
Passei meia hora de frio intenso mas estou vivo, tonificado (junção dos termos “toninho” com “petrificado”) e feliz. Acho que os cozinheiros lembraram-se de fazer um churrascozito na cozinha, nada que em Portugal se não resolvesse com um bom balde de água fria. Em Londres tiveram que chamar 4 corporações de bombeiros e acordar todo o edifício. São uns cagaçolas estes ingleses! É um desmazelado este português!